MULHERES REAIS OU MULHERES IDEAIS? Cinco mulheres - Machado de Assis (audiolivro)
Assis, Machado de. Cinco mulheres. (Narrated by: Ana Maria Morais) S.l, 1865?. Disponível em: https://stories.audible.com/pdp/B07H8N6FJF. Acesso em: 05 nov. 2020.
Fabiana Natalia Macedo de Camargo
Escrito por Machado de Assis, publicado originalmente em O Jornal das Famílias, periódico carioca em 1865, o conto é uma narrativa fragmentada em quatro histórias de cinco mulheres: Marcelina, Antônia, Carolina, Carlota e Hortência.
Iniciei a audição sentada em frente ao laptop; não conseguia me concentrar; a ideia era ouvir em frente ao laptop para realizar anotações que me ajudassem posteriormente. Busquei ouvir pelo celular, julgava que seria como música, porém não foi. Não ouvir minha voz durante a audição, como acontece durante a leitura silenciosa, levou-me a perder a concentração várias vezes. Decidi então tentar retornar para laptop; fechei os olhos e só ouvia a voz da narradora. Começou a funcionar; entretanto, tive de voltar a diversos trechos, visto que meus pensamentos por vezes se perdiam.
A narrativa não é um romance que relata dia por dia, de forma muito direta e sem muitos detalhes. Machado de Assis narra diferentes histórias envolvendo cinco mulheres para as quais o amor e o desamor são as causas de seus problemas.
São cinco mulheres com perfis diferentes - algumas frágeis, mas engenhosas, outras belas, mas sem sagacidades. Retrata a mulher da época como um ser frágil, dependente, submisso, obediente e temoroso, reflexo de uma sociedade machista e conservadora – uma sociedade que tem a presença feminina na conjuntura do século XIX brasileiro.
“Aqui vai um grupo de cinco mulheres, diferentes entre si, partindo de diversos pontos, mas reunidas na mesma coleção, como em um álbum de fotografias.”
Marcelina, uma menina frágil, a mais doente das quatro irmãs, se apaixona pelo marido da irmã; acaba morrendo de tristeza por não poder consubstancializar um sentimento tão puro que guarda em segredo, não achando justo viver sem o amor de seu cunhado.
Antônia, uma bela mulher casada com Oliveira (um belo homem); juntos possuíam um casamento que parece ser perfeito e invejado por todos A beleza de Antônia despertava o desejo por parte dos amigos de Oliveira, e murmurinhos surgem “um laço de simpatia amorosa” entre Antônia e Moura. Antônia, diferente de Marina, é descrita pelo autor como dissimulada e desleal.
Já Carolina, terceira mulher a ser descrita no conto, apresenta características de Marcelina e Antônia - uma jovem donzela apaixonada por Fernando, mas prometida em casamento pelo pai ao senhor Mendonça, acreditando o pai ser ele capaz de proporcionar uma vida melhor à filha. Porém, Fernando não aceita a partida da amada e lhe procura após o casamento. Neste conto a figura masculina é desleal, mostrando que o verdadeiro príncipe talvez não exista.
Carlota e Juliana são duas mulheres antagônicas: Carlota, a pureza apaixonada pelo marido; Juliana, a desonestidade em pessoa, separada do marido. Carlota, com pena de Juliana, a leva para morar em sua casa e Juliana trata de seduzir Durval, marido da amiga. Carlota, ao descobrir a traição, morre de desgosto, deixando Durval para Juliana - os dois se casam após da morte de Carlota, porém Durval morre de desgosto pouco tempo depois.
O final cada história se ajustava de forma a atender à moral predominante naquela época. As personagens femininas mostram, sutilmente, o início da ruptura da submissão da mulher da época.
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