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VIDAS PRETAS IMPORTAM: relatos de um genocídio

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 ...................................................................... Mukasonga, Scholastique. Baratas: Scholastique Mukasonga. Título original: Inyenzi ou les Cafards. Tradução: Elisa Nazarian. São Paulo: Editora Nós, 2018. 192p. ...................................................................... Paulo Ricardo Gonçalves de Oliveira  Faculdade de Educação - Unicamp  Scholastique Mukasonga é uma escritora ruandesa cuja obra é conectada com a história do genocídio. Nascida em Ruanda, vivenciou um massacre que assolou seu país em 1994, quando mais de 800.000 pessoas, principalmente tutsis, foram brutalmente assassinadas em um dos eventos mais horríveis do século XX. “Baratas” é um testemunho vivo dos eventos que ela e sua comunidade enfrentaram durante esse período sombrio da história de Ruanda. Os livros de Mukasonga são uma mistura poderosa de memórias pessoais e ficção, baseadas em fatos históricos que retratam com sensibilidade a experiência dos tutsis antes, durante e depois do

VIAJAR COM GALEANO PELA CONDUÇÃO DE PALAVRAS MOVENTES

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  ............................................................................................ GALEANO, Eduardo. As palavras andante s. Com gravuras de J. Borges. Tradução de Eric Nepomuceno. Porto Alegre< RS: 2017. 328p. .............................................................................................. Ezequiel Theodoro da Silva Faculdade de Educação, Unicamp Tenho Eduardo Galeano como um dos maiores escritores da América Latina. Não só de histórias, mas de reflexões profundas a respeito das injustiças e opressões que vêm nos acompanhando desde o início da nossa colonização por espanhóis e portugueses. Isto significa que escolher e ler Galeano é ter a certeza absoluta de se defrontar com textos prazerosos e bem tecidos, além de iluminadores. Desde que li a obra "As veias abertas da América Latina", nos idos de 1971, tornei-me um leitor inveterado desse autor uruguaio de tantos predicados pessoais, literários e políticos.  Em "As palavras andantes", r

O REFÚGIO

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__________________________________________________________________________    HAIG, Matt. A Biblioteca da Meia-Noite. Bertrand Brasil. 2021. 308p __________________________________________________________________________    Flávia Araújo  Faculdade de Educação, Unicamp “Você pode ter tudo e não sentir nada.” (p. 217)   “Cada movimento que você faz abre um mundo inteiro de possibilidades.” (p. 244)         Há uma vida perfeita? Nora Seed viveu em muitas e não encontrou.     Imagina estar na biblioteca da sua existência da qual cada obra conta vivências e experiências da sua vida. Sim! Você é o personagem principal e vivencia. O romancista Matt Haig tece a trama com delicadeza ao tratar de um sentimento complexo vivenciado por muitos em certas fases da existência, ou seja, a sensação de que nada nesta vida faz sentido. Alguns chegam a decisões trágicas como o suicídio. Essa foi a opção de Nora Seed, após a perda do seu gato e receber uma demissão

Passado, presente e a ancestralidade

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VERUNSCHK, Micheliny. O som do rugido da onça . Companhia das Letras,  2021. (e-book)                                                        Priscila R. Celestino Faculdade de Educação, Unicamp   A princípio, o meu interesse na leitura de O som do rugido da onça foi pela temática dos povos ancestrais e a ideia da descrição da floresta amazônica, e mesmo por um conflito entre povos indígenas e homens brancos vindos do ocidente, que nada conheciam sobre a cultura do país chamado Brasil. No entanto, Micheliny Verunschk retratou, através de sua narrativa, o conflito não apenas entre povos da floresta e os vindos de além–mar, mas, também, conflitos internos, através de personagens bem construídas. Situando o leitor no tema sobre o qual quer tratar, a autora inicia a narrativa com a frase “Quando Nimúe criou o mundo, o fez a partir de seu próprio corpo”, remetendo ao princípio criador, originário das narrativas dos povos ancestrais, aproximando o leitor do contexto da obra. A personage

O PODER DA PALAVRA ILIMITADA

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___________________________________________________________________________________ DALCHER, Christina. Vox. São Paulo: Arqueiro. 2018. Trad. Alves Calado. 320 p. ___________________________________________________________________________________ Isis Parise Silva Faculdade de Educação - Unicamp      De quantas palavras seria preciso abrir mão para tecer a mais sublime declaração de amor? Com quantas palavras mais de uma centena de conflitos já foram deflagrados? Qual será o número mínimo de palavras necessárias para defender seu direito de existir? Será possível limitar a liberdade de proferir nossos descontentamentos e alegrias? Que danos isso causaria?      Acreditei que seria interessante tentar esse exercício narrativo e me prender ao limite de 100 palavras para dizer um pouco sobre o romance que me propus a ler, mas antes mesmo de colocar meu plano em ação já me sentia um pouco como a Jean: senti raiva dessa imposição que iria cercear não só minha liberdade de dizer, mas minha l