ORGULHO E PRECONCEITO. Jane Austen (audiolivro)

                                                      

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AUSTEN, Jane. Orgulho e preconceito. Tradução de Leal Ferreira. Martin Claret, 2018

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hIOmf6UOryg&t=3227s

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Melina Borges Omitto


 Coloquei os fones de ouvido para ouvir (e não para ler) um romance para fruição – experiência que nunca houvera vivenciado. Algumas vezes, precisei retomar trechos, buscando manter o foco e a concentração. Outras vezes, foi necessário ouvi-los novamente visando a compreensão, todavia, a desafiadora oportunidade de contato com a literatura através dos ouvidos me permitiu fazer conjecturas, imaginar e desfrutar de sensações que outros meios não me proporcionariam. 

Para tanto, selecionei a obra “Orgulho e preconceito”, cuja autoria é de Jane Austen (1775-1817). Foi escrita entre 1796 e 1797 com o título de “Primeiras impressões” e encaminhada pelo próprio pai para uma editora, contudo foi recusada. Apenas em 1813 o livro foi publicado, Jane morreu aos 42 anos sem conhecer o sucesso público. Com o passar do tempo, Orgulho e preconceito ganhou notoriedade, recebendo adaptações para a televisão e para o cinema.


 

     

             O audiolivro tem seu início com a seguinte frase: “É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, deve estar necessitado de esposa”. Tal afirmativa retrata um dos princípios fundamentais do romance, ambientado na Inglaterra no início do século XIX, cujas relações sentimentais se baseavam na manutenção da hierarquia da sociedade burguesa, separando ricos e pobres, e arquitetando casamentos vantajosos para perpetuação do status quo.

O enredo apresenta a história do casal Bennet e suas cinco filhas: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. A matriarca, preocupada com o futuro das garotas, passa a trama procurando “bons” partidos para elas, tendo em vista que a cultura da época consistia em destinar a herança da família aos homens, e, no caso dos Bennet’s, o herdeiro seria o primo Collins.  

Assim, a chegada do Mr. Bingley, homem afortunado e distinto, acompanhado de sua irmã e de seu melhor amigo, Mr. Darcy, agitam a pacata região rural de Meryton. A mãe das meninas avista uma oportunidade para casar uma de suas filhas e, para sua sorte, Mr. Bingley se apaixona por Jane Bennet, a mais velha das irmãs. Entretanto, a mãe não contava com a desaprovação da irmã, Caroline Bingley e do amigo, Mr. Darcyque são contra o enlace em decorrência da classe social da moça. Repentinamente, Mr. Bingley parte, deixando a bela Jane sem nenhuma explicação e com o coração partido. 

Neste interim, Elisabeth, uma moça culta, sensata e à frente do seu tempo, é apresentada ao Mr. Darcy. Sua impressão inicial é a de que ele é um homem arrogante, orgulhoso e indiferente às pessoas da cidade, e, como recusa-se a casar a não ser por amor, Lizzie o repudia. O que ambos não imaginavam é que o mesmo, contrariando os ideais e todo preconceito da época, Mr. Darcy se apaixonaria por ela e lutaria para conquistar sua admiração e amor. 

 

Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente.

 

Mr. Darcy pede Elisabeth em casamento, mas ela recusa.

 

Posso dizer que desde o princípio, desde o primeiro instante quase em que o conheci, as suas maneiras me convenceram de que era um homem arrogante, pretensioso, e de que tinha a maior indiferença pelos sentimentos dos outros. Esta impressão foi tão profunda que constituiu, por assim dizer, o alicerce sobre o qual os acontecimentos subsequentes elevaram uma indestrutível antipatia; e talvez menos de um mês depois de conhecê-lo estava convencida de que o senhor seria o último homem no mundo com o qual eu me casaria.

 

Depois, Mr. Darcy decide reparar seu comportamento e convence o amigo a reatar com Jane. Ainda paga o dote da irmã Lydia, que fugira com um militar, para não manchar a imagem da família. Aos poucos, a moça, passa a olhar para o rapaz com outros olhos e não o vê mais como um homem prepotente, mas como alguém de boa índole, capaz de mudar seus sentimentos; decide então aceitar o pedido. 

O enredo de Orgulho e preconceito, embora escrito há mais de duzentos anos, sobre o empoderamento feminino e a forma como os costumes e as regras da época são confrontados, produzem relevância à obra e a torna sobremodo atual. A autora critica fortemente a ideia de linhagem, o modo como se davam as relações, cujo dinheiro e interesses sobrepunham-se ao afeto e a forma machista e mercadológica como os casamentos e as mulheres eram tratados. Ademais, acredito que trazer á tona o debate e reflexões sobre preconceito, moralidade, posição da mulher na sociedade - temáticas de suma importância e atemporais - sejam o segredo do sucesso desta obra ao longo dos anos. 


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