LIÇÃO DE ALTERIDADE. Una maestra en Katmandu - Vicki Subirana
"Una maestra" inspiradora e uma lição de alteridade
Maria Carolina Branco Costa
SUBIRANA, Vicki. Una maestra en Katmandú. (1ª ed.) Madrid: Editora Aguilar, 2012.
O livro é um romance autobiográfico e divide-se em 15 capítulos, precedidos por uma introdução e sucedidos por um final e agradecimentos. Conta a experiência de uma professora espanhola que se aventura, me busca de desafios e de uma missão, no Nepal.
O contexto inicial da autora é de uma vida confortável, posto que já habitual, contudo, pontua aspectos de machismo e baixas expectativas familiares quanto a sua perspectiva de vida e ascensão social e profissional.
Um dia, Vicki decide realizar o desejo de viajar para um país ermo e completamente desconhecido, escolhendo como destino o Tibet, no Nepal. Lá, muitas aventuras a acometeram, desde desastres naturais até o encontro daquele que seria seu marido e grande amor.
A missão da protagonista era muito maior do que ela esperava inicialmente, e, portanto, precisou estender o tempo de viagem, mudando-se definitivamente, após 10 anos de docência em Ripoll (Espanha).
Ao chegar no país, se deparou com condições educacionais e sociais precárias, e, após sua imersão na cultura, ao conhecer pessoas e viver o dia-a-dia do país, decidiu criar uma escola para crianças pobres nepalenses, assente nos princípios montessorianos. Três anos mais tarde, casou-se com um napelês.
A jovem professora abandonou seu país e sua família para viver a missão de solidariedade, empatia e coletividade.
A ideia de viajar para o Tibet foi algo eventual. Vicki se recorda apenas de alguns livros que podem ter influenciado e motivado-a neste percurso.
Entre as barreiras enfrentadas estavam a falta de recursos, o enfrentamento de um novo idioma, a variedade de etnias e castas, os ritos e superstições do povo e, no geral, um país com costumes completamente diferentes de seu país de origem. No entanto, com paciência, Subirana conseguiu superar as adversidades e converter seu sonho de construir uma escola em realidade.
É certamente uma história inspiradora, principalmente para educadores, posto que revela a atuação docente em um cenário de adversidades e vulnerabilidade. Embora as adversidades desta história sejam peculiares, metaforicamente, nos lembram dos desafios diários do fazer docente em nosso tempo e espaço; enfrentamentos que atravessam a sala de aula, e mobilizam saberes, práticas, instituições, equipes, normativas e embates de cunho sociológico e psicológico tão subjetivos quanto os dilemas experienciados por Vicki Subirana.
O relato em primeira pessoa, de uma educadora que deixa sua vida em prol de desafios em um país carente e atuação em prol da educação, fomentando uma sociedade com maiores possibilidades, revela um dos sentidos da profissão professor, na direção da promoção da emancipação, luta por direitos humanos e crença no potencial educativo, enquanto ação transformadora.
Em linguagem simples e convidativa, no tom de diálogo, a narrativa relembra o leitor de experiências cotidianas e enfrentamentos de pessoas engajadas com princípios e valores sociais, políticos e éticos.



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