A MAGIA SHAKESPEARIANA SOBRE A ALMA HUMANA. Entre sonhos e tempestades - Rui Oliveira
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Oliveira,
Rui. Entre sonhos e tempestades: três peças de William Shakespeare.
Adaptadas
e ilustradas por Rui de Oliveira. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 94 p.
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Roberto Carvalho
Mestrando
em Educação – Unicamp
Entre
sonhos e tempestades, de Rui de Oliveira, conta com um
conjunto de três contos adaptados e ilustrados do dramaturgo inglês William
Shakespeare. Obra com enfoque infanto-juvenil. Apresenta, em sequência, as
obras Sonho de uma noite de verão, Romeu
e Julieta e A tempestade. As ilustrações que acompanham o desenrolar
das peças são belíssimas.
O
livro traz como abertura um panorama de quem foi William Shakespeare, sua
diferença em relação a outros expoentes da dramaturgia renascentista e o seu resplandecer
como personagem maior daquela época. Comenta também aspectos do reinado de
Elizabeth I (1533 – 1603) e seu período histórico/econômico. Salienta ainda a
ideia de como era o teatro da época, os atores e suas condições. As referências
do livro demonstram como as obras de Shakespeare mantêm a sua atualidade.
Sonho
de uma noite de verão é considerada uma peça inicial na
carreira de Shakespeare. É uma peça
escrita em meados de 1590, e talvez produzida para a celebração de um
casamento. No livro, a narrativa é bem sintetizada, e conta a história de seres
mitológicos e fantásticos, feitiços e confusões por conta da magia, que se
misturam dentro de uma história de amor entre quatro jovens.
Romeu
e Julieta, trazendo a saga amorosa eterna e atual
de dois jovens apaixonados que se veem envolvidos em uma desventura. Após um
baile de máscaras, ambientado na cidade de Verona (Itália), os jovens
apaixonados resolvem se casar em segredo sob a tutela de um frei. A adaptação sintetiza bem os fatores
observados da não realização amorosa, a oposição das famílias, e um final
trágico. As ilustrações seguem parâmetros do expressionismo, o que deixa a
leitura mais atraente.
A tempestade, mantêm a narrativa de uma das grandes reflexões eu acompanharam Shakespeare ao longo de sua obra, o desejo humano pela ganância e poder. Conta a história de um nobre napolitano, que depois de traído pelo irmão é exilado com sua filha em uma ilha. Passado algum tempo, auxiliado pela magia, cria uma tempestade e consegue trazer seus algozes que navegavam em uma caravela ao largo da ilha. Essa é considerada a última peça deste dramaturgo maior.
Em
uma leitura agradável o autor perpetua a ideia da magia do teatro, trabalhando
de maneira ágil sem perder o foco central das peças comentadas. Esse universo
Shakespeariano é intrigante. As ilustrações também são executadas de maneira a
seguir essa magia, acompanhando a ideia dos textos apresentados. Enfim, um
brinde à atualidade da obra de Shakespeare e o seu inegável conhecimento da
alma humana.
Rui
de Oliverira, carioca de São Cristóvão, é autor e
ilustrador de literatura infantil. Formado em artes gráficas, estudou pintura
no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ilustração no Instituto Superior
Húngaro de Artes Industriais e cinema no Pannónia Film Studio, em Budapeste.
Recebeu quatro vezes o prêmio Jabuti de ilustração e, por Cartas Lunares, o
prêmio de literatura infanto-juvenil da Academia Brasileira de Letras. É
definitivamente um dos maiores nomes da ilustração no Brasil. (Companhia da
Letras, 2021)
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Texto bem escrito, com ilustrações maravilhosas, que dão ideia do que pode ser encontrado no livro. As adaptações dividem muito a opinião, por serem sempre a leitura da leitura da leitura, já que feitas a partir de textos que, por sua vez, já foram traduzidos, ou seja, já reescritos, mas acho um exercício interessante levar para a sala de aula junto com o texto do autor original.
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirQuando você comentou sobre o livro durante a aula, já fui buscar no site mais informações sobre ele. Tive um Professor de Artes incrível que trouxe os textos de Shakespeare para as aulas e momentos teatrais. As ilustrações são encantadoras. Parabéns pela resenha!
ResponderExcluirInteressante você comentar sobre a possibilidade de que "Sonho de uma noite de verão" fora produzida para celebrar um casamento. A famosa música de entrada das noivas possui o mesmo nome e foi composta por Mendelssohn.
ResponderExcluirParabéns pela resenha! Demonstra uma leitura atenta da obra.
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