VOCÊ JÁ MERGULHOU NO FUNDO DE SI MESMO? O fundo é apenas o começo - Neal Shusterman
SHUSTERMAN, Neal. O fundo é apenas
o começo. Tradução de Heloísa Leal. Rio de Janeiro: Valentina , 2018. 272 p.
Rosinete Lima Setubal
Mestranda em Educação - Unicamp / FE
Neal
Shusterman é um escritor norte-americano de vários romances premiados, roteiros
para filmes e para animações de TV. Nascido e criado no Brooklyn, em Nova York,
e atualmente mora no sul da Califórnia, com seus quatro filhos. O romance Challenger
Deep- título em inglês - foi lançado em 2015. O lançamento no Brasil ocorreu em
2018; foi traduzido por Heloísa Leal e possui ilustrações instigantes de
Brendan Shusterman, filho do autor.
O livro tem como personagem principal
Caden Bosch, um adolescente de quinze anos que começa a ter um comportamento
estranho, observado de perto pela família, amigos e escola. Caden vivencia dois
mundos paralelos e um deles existe só na sua imaginação. Ele fantasia que está
a bordo de um navio com destino a Challenger Deep, que é uma depressão marinha localizada
a sudoeste da Fossa das Marianas. Nessa viagem há outros personagens, como:
capitão, papagaio, navegador, faxineiro, Calíope, serpente, entre outros
tripulantes.
Para ele, as pessoas nunca estão
acreditando no que ele fala e sempre estão tramando algo, que querem fazer mal
a ele e à sua família. Possui pensamentos-vozes que ordenam fazer diversas
coisas, mas ele tenta resistir. Os pais os levam em um psicólogo e logo depois
ele é hospitalizado em uma clínica para tratamento.

Os
capítulos são curtos o que facilita a fluidez do texto. O leitor é convidado a
refletir durante toda a leitura, conforme pode ser mostrado através do trecho
abaixo:
“A
luzinha do check-up do cérebro” se acende de muitas maneiras, mas essa é a
parte problemática: o motorista não pode vê-la. É como se ela estivesse
posicionada no porta-copos do banco traseiro, debaixo de uma lata vazia de
refrigerante que já está lá há um mês. Ninguém vê a luzinha, a não ser os
passageiros – e só se estiverem procurando, ou então quando ela fica tão quente
e brilhante que derrete a lata e incendeia o carro inteiro.” (p. 97)
Quase no fim da obra, o autor ressalta que
não há um diagnóstico “correto” e único para todos os sintomas e conjuntos de
sintomas para um transtorno psicológico - “Esquizofrenia, espectro
esquizoafetivo, bipolar I, bipolar II, depressão psicótica, transtorno
obsessivo-compulsivo, e assim por diante. Os rótulos não significam nada,
porque não existem dois casos idênticos. Cada pessoa tem uma evolução e
responde ao tratamento de um jeito, de modo que nenhum prognóstico pode ser
infalível.” (p. 255)
Recomendo a leitura do romance, pois acredito que o texto será um mergulho incrível nas profundezas da mente humana. O final é emocionante! O próprio autor em nota no final do livro revela sua experiência com o filho e amigo próximo, na esperança de levar conforto aos que estão passando ou já passaram por situações semelhantes e promover empatia aos demais na compreensão da imprevisibilidade dos transtornos mentais.
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Parece bastante cativante a obra, Rosinete. Com certeza é um livro que eu leria, porque o tema me interessa bastante. Obrigada pela dica.
ResponderExcluirQue bom que gostou, Telma! :)
ExcluirMuito bom Rosinete! Da forma como escreveu o seu comentário, fez despertar o meu interesse pelo livro. Com certeza um mergulho no que há de mais obscuro nas mentes humanas.
ResponderExcluirFico contente em saber que despertou o interesse em ler o romance, Mary.
ExcluirGostei bastante da resenha! O tema que vc abordou me causa muito interesse. É um livro que já entrou pra lista, "esse ainda vou ler". Parabéns.
ResponderExcluirEsse tema é interessante mesmo, Roberto. Que bom que influenciei a inclusão de mais um livro nessa lista!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei muito da leitura resenhada! A temática é provocativa, e com certeza vale muito a pena ler. Parabéns!
ResponderExcluirQue bom que gostou, Mônica! Abraços.
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