LUTA, RESISTÊNCIA
E A FORÇA DA MULHER
Sofia Pellisson
Faculdade de Educação,
Unicamp
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“Fantástico!”, “Maravilhoso!”. Essas foram as primeiras palavras que
emergiram em meu pensamento após terminar a leitura de Torto Arado. Confesso
que uma parte de mim lamentou o lapso temporal de quase quatro anos desde o
lançamento desse best-seller, vencedor dos prêmios Oceanos e Jabuti, até o
momento em que pude, de fato, me dedicar a essa prazerosa leitura. Além de
saber previamente sobre o sucesso da obra, ela me foi recomendada por uma
pessoa muito querida: minha mãe. Assim, apesar de ter adiado por tanto tempo
meu encontro com Belonísia e Bibiana, as irmãs protagonistas da história, aproveitei
a oportunidade para finalmente ler esse livro e me encantei com o romance.
Organizado em três partes, o enredo perpassa temáticas muito delicadas e
relevantes que retratam a realidade de um interior do Brasil que ainda possui
traços de colonialismo e marginalização de populações minoritárias. Itamar
Vieira Junior aborda o preconceito racial, a exploração do povo quilombola, a
mão-de-obra de trabalhadores rurais análoga à escravidão, a prática de
religiões afro-brasileiras e até a violência contra a mulher, enquanto narra a
vida de duas irmãs que, já muito próximas, se tornam ainda mais unidas após
serem marcadas por um acidente doméstico.
Em Torto Arado, conhecemos,
crescemos e amadurecemos junto com Belonísia e Bibiana, bem como com a família
delas e a quase sempre pacata comunidade em que vivem. O companheirismo da
infância, as disputas das conquistas amorosas da adolescência, o perdão após os
sofrimentos e percalços da vida adulta, são temas que acompanhamos ao vermos as
meninas se transformarem em mulheres. Apesar de terem anseios e personalidades
diferentes, as duas se tornam pessoas fortes e admiradas pelos familiares e
amigos.
O autor consegue manter o suspense sobre o que se sucedeu após o acidente
com as irmãs, enquanto nos envolve com os conflitos e acontecidos dos
personagens e da fazenda onde residem. Para mim, o auge e o diferencial dessa
obra é que as duas primeiras partes do livro são narradas, cada uma, por uma
das irmãs protagonistas. Assim, podemos acompanhar ambos os pontos de vista sobre
algumas das diversas situações que Belonísia e Bibiana vivenciam.
Com a última frase: “Sobre a terra há de viver sempre o mais forte”,
Itamar Vieira Junior finaliza seu livro de maneira espetacular. A tomada de
consciência e a união de uma comunidade minoritária que, aos poucos, se une
para lutar contra toda uma vida de exploração, nos fazem sentir o alívio do
fazer “justiça”, a que as populações desfavorecidas precisam recorrer para
sobreviver. Convido você, leitor(a), a se embrenhar e se encantar pelas
paragens narradas na obra.
Comentário potente, Sofia! A minha vontade de ler o livro instigada desde que você apresentou em sala a escolha da obra, aumentou ainda mais. O livro já está na minha lista de próximas leituras.
ResponderExcluirObrigada, Rachel! Tenho certeza que você vai adorar!
ExcluirBacana o seu comentário. Livro bom é sempre envolvente.
ResponderExcluirSofia, assim como você, estou postergando a leitura desta obra, mas agora, diante da sua resenha, vou corrigir isso já! Obrigada
ResponderExcluirBoa leitura, Simone! Você vai gostar muito!!
ExcluirInteressante como a obra Torto Arado trás questionamentos e percepções significativas para compreender nossos processos sócio-histórico cultural. A luta pelos desfavorecidos, por si só, carrega um fator motivacional para ler o romance.
ResponderExcluirSim, Flávia! E o autor consegue abordar essas importantes temáticas de maneira envolvente, fazendo com que a leitura flua
ExcluirHá tempos também quero ler esse livro, Sofia. Vou aproveitar a sua resenha e já resolver esse impasse. Parabéns!
ResponderExcluirOuvi falar muito bem dessa história e também sinto por conhecê-la tão distante de sua publicação. Seu comentário só tornou mais forte o desejo e a necessidade de lê-la!
ResponderExcluirQue texto lindo, Sofia. Plena de encantos por sua escrita, pela sua capacidade de análise. Me veio uma vontade enorme de reler o livro e vou fazê-lo. Cativante sua resenha.
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